Thursday, March 31, 2011

sobre aniversários

eu lembro que pra mim, até os 15 anos, aniversários eram épicos. Aliás, se tem uma coisa que eu não posso reclamar da minha família é de festa de aniversário. Desde o meu 1 ano, na qual minha mãe deu uma festa de arromba épica.

Acontece que nos últimos 6 anos, aniversários tem sido uma razão de stress constante na minha vida. Quando dá 8 de março (1 mês antes do meu aniversário), eu começo a surtar. Inferno astral, alguns diriam. Mas é só ansiedade porque uma data que pra mim era de alegria, festa com os amigos e rever parentes esquecidos da família, se tornou razão de maluquice.

Há sempre o medo de que ninguém vá aparecer, de que a festa não seja legal, de que ninguém se lembre de você. Sei lá. Talvez eu esteja muito velha pra ter uma festinha como eu sempre tive, com decoração de balões coloridos, brigadeiro, bolo, e todos os coleguinhas da sala e a família, mas eu quero sim ter um dia legal, me divertir com os amigos, rever amigos que faz tempo que não vejo (o que sempre acontece em aniversários, e é uma das melhores pares dele) e principalmente encher a cara. Afinal, estarei fazendo 21 anos e vou finalmente puder beber nos Estados Unidos da America.

Bom, nesse ano eu acho que vou reverter o malfécio dos anos passados e voltar a me divertir no dia no qual eu comemoro mais uma volta ao redor do sol, mais uma primavera.

Pra mim a pior parte é não puder estar com meus melhores amigos e eles serão lembrados, e de não estar com minha família.

Parte da pior parte é não ser acordada pelos irmãos com café da manhã na cama e presentes prontos para serem abertos no quarto (mesmo que eles sempre fiquem muito ansiosos e acabem te acordando cedo demais). Essa tradição da minha família de começar o dia do aniversariante como deve ser é muito bom mesmo. Infelizmente eu não poderei passar meu aniversário em casa por alguns anos, mas quem sabe no futuro próximo.

Acho que é isso.

Wednesday, March 30, 2011

sobre ampola de sangue de porco e rituais semi-satânicos de casamento

Hoje eu não consegui acordar as 5:30 da manhã pra ir malhar antes da minhas aula de inglês às 8:00. Na verdade eu só acordei 7:10, o que significa que eu chequei uns 5 minutos atrasada na aula.

Como o curso é de literatura britânica, estamos lendo Songs of Innocence and Songs of Experience de William Blake. O interessante é que pra mim o primeiro livro, Songs of Innocence, é o mais ácido, o mais crítico. A inocência sempre é explorada, perdida, violada, ou as pessoas são ignorantes porque elas são inocentes ou, em alguns casos extremos do livro, a inocência é utilizada como arma contra aqueles que são inocentes.

Mas o título do livro é tão poderoso que os leitores se fazem inocente quando lêem Songs of Innocence. Ou talvez eles apenas não entendam nada de literatura mesmo. Ambas as hipóteses são válidas.

Mas eu quero falar de outra coisa. O tema dessa aula de hoje na verdade serviu pra me lembrar de uma outra aula de inglês que eu tive, na qual falamos sobre casamento.

Na verdade estava-mos falando de violência doméstica contra mulheres, mas eu quero falar da parte engraçada, e essa parte é casamento.

O engraçado é que o casamento de hoje em dia é um eco dos casamentos medievais, nos quais as mulheres eram literalmente propriedade de algum homem (primeiro o pai e depois o marido). Não estou falando de tudo no casamento, mas mais especificamente a festa em si. O rito semi-satânico. 

O que hoje é a despedida de solteiro para os homens na verdade era uma noite como outra qualquer, afinal os homens medievais iam pra bordeis beber até cair e utilizar o servido das profissionais do sexo com bastante frequência, casados ou não. A única diferença é que ele tentava não está muito muito louco no dia do casório, afinal ele tinha que contar o dote (e como todos sabem, contar não funciona muito bem a depender do estado de alcoolismo do contador).

Já a véspera da noite de casamento para as mulheres era um verdadeiro concurso de quem apavora mais a pobre da noiva (que provavelmente tinha menos de 16 anos). As outras mulheres da casa, mães, tias, irmãs mais velhas e serventes tratavam de tentam esplicar a dor e o sofrimento que era fazer sexo, como a noiva-criança iria se tornar praticamente escrava do marido, e que ela poderia muito bem ser espancada se ela fizesse algo de errado, e por aí vai a bagaceira.

Mas o mais engraçado é que era um costume medieval colocar o lençol usado na noite de núpcias, que deveria estar manchado de sangue na janela do quarto, para que todos soubessem que o casamento havia sido consumado (afinal de contas, naquela época, o que selava o casamento mesmo era sexo). Bom, mas é sabido que nem todas as mocinhas inocentes eram tão inocentes assim, e além do mais existia muito estupro e violência sexual naquela época, e ainda existem casos mais ou menos frequentes de mulheres que não sangram.

Daí vem o vial de sangue de porco. A mãe da pobre coitada dava o vial para sua filha, para evitar que ela fosse completamente humilhada e "devolvida" pelo marido, caso o tal do lençol não estivesse sanguinolento. 

E é por isso que casamento é uma coisa esquisita. Dos votos de obediência que as mulheres fazem aos homens, caso elas escolham recitar os votos tradicionais, do fato que o pai da noiva dá a mão da filha em casamento (que na verdade é eco da finalização de um negócio entre o noivo e o pai da noiva), do véu sobre o rosto da noiva (que era pra evitar que o noivo fugisse se a noiva fosse feia, afinal na maioria das vezes um nunca tinha visto o outro antes do dia do casamento), ao fato de que o pai tem que levar a filha (afinal alguém tem que guiar a pobre, porque não dava pra ver nada com os véus de antigamente, que eram na verdade lençóis brancos).

Outra estranhisse é a jogada do bouquet e da sinta liga para os convidados que é um estranho reflexo do hábito de lançar pedaços do vestido de noiva para o povo no casamento para distraí-los, fazendo possível com que os recém-casados fujam da multidão, que perseguia a pobre da noiva pra arrancar um pedaço do vestido na pobre, que era tido como objeto que garantia sorte ao seu potentor, como um trevo de quatro folhas ou uma ferradura (?).

Ah! Lembrei porque eu queria falar de casamentos, e de ver as mulheres como propriedades de homens. Estava-mos falando de como as crianças, no romantismo inglês, eram propriedades de seus pais, que podiam vende-las, aluga-las para trabalhos como limpar chaminés ou trabalhar teares, e eu lembrei de que mulheres também eram tratadas assim, e que geralmente mulheres e crianças recebiam o mesmo salário, que era sempre menor do que o dos homens.

Se eu sou feminista? Não. Mas eu acredito em igualdade.

Tuesday, March 29, 2011

Sobre cãs

que não são o feminino de cães. Aliás, cãs não tem nada haver com cães, exceto pelo fato de que alguns cães têm cãs, eventualmente. O que eu quero dizer é que são duas palavras diferentes com significados diferentes.

As cãs são os cabelos brancos. Palavrinha estranha, pouco usada. Eu a aprendi lendo o Poema Enjoadinho de Vinícius de Moraes há muito tempo. Não lembro quanto.

Cabelos brancos, sinal de duas coisas; velhice e estresse. Todos os presidentes que tomam posse quando ainda tem algum preto no cabelo, saem da presidência com a cabeleira alva. Bill Clinton foi um dos piores casos. Ele nem tinha muito cabelo branco quando foi eleito, e 8 anos depois, eu dou 10 conto pra quem achar um fio de cabelo preto na cabeça de Bill.

Quer ver outro lugar no qual o cabelo branco é estranhamente presente? Na cabeça de alunos de pós graduação da UT. E as vezes eu penso que se não fosse a genética (meu pai está com 58 anos e só recentemente os fios brancos começaram a dar o ar da graça em quantidade perceptível, e minha mãe não tem nenhum fio de cabelo branco aos 48), eu iria estar com uma mecha branca à la tempestade na cabeça.

Exagero? Talvez.

Mas eu queria falar sobre cãs hoje. E falei.

Thursday, March 24, 2011

in the shuttle no. 01


in the shuttle no. 01

I feel well, I feel fine.

I feel like I'm finally adapting, starting to fit in in this enormous monsters that eats students alive called The University of Texas at Austin.

This week I studied, yes, but I also worked out 3 times, had lunch with a friend, talked to my love for hours and hours, cleaned the house and did some laundry.

It might seem that I had a rather normal week, with no big difference from what a normal week should be, and that is true. But I haven't had a normal week since I started to attend classes at UT. I studied so much I somewhat convinced myself that I didn't had time to do anything else. All other things I love to do where forgotten and some days I even though I was loosing precious hours of sleep and study (the only two things I thought worthy of my time) by taking a long shower in order to watch my hair. 

Needless to say, I had many days of gross hair, of sadness, foul mood, hunger and stress. Always stress.
But this week was refreshingly normal, perfectly normal (although I still had to adjust my workout routine so I could sleep a little bit more than what I have been usually sleeping). I woke up early, I went to the gym and I didn't cried in the shower, or in the library or at all.

I feel happy, I feel good about myself and now I am even writing again.

I have so many stories going on in my head. Reading the New York Times has been helping my creativity. Seriously, no writer can imagine anything more absurd than what people actually do. Specially if they work for the government. I shall write about Shakespeare quotations being censured in China (yes, I know. crazy, right?), Robocot statues in Detroit and Americans doing crazy stuff in others' countries.

Because if the German are squared in their own country, and go so amazingly crazy when they visit abroad, imagine how apeshit can an American be abroad, being that they are already pretty crazy at home?

For example, here in the shuttle, going back home, two white guys are analysing the drawing of their veins in their arms. I guess they really don't have anything better to do, do they?
The shuttle just turned at Riverside. Soon I will be home, take a shower and study American politics and Chemistry.

In the meanwhile, the newspaper thief attacked again twice this week. I left home before 7 (when it is supposed to arrive) and when Miros left the apartment a couple of hours later, the was no newspaper by the door.

I don't think it is a coincidence because it only disappears when I don't wake up early enough to get it.
ok. I got home.

Roger.

Guerra e Paz


Abrir o jornal é motivo de aflição em tempos como estes nos quais estamos vivendo. Páginas e páginas sobre pessoas desaparecidas, reatores nucleares derretendo e ameaçando iniciar o apocalípse, artigos sobre como as pessoas ainda tem esperança de reencontrar familiares, amigos, amores perdidos no terremoto e tsunami, escritos com a frieza e o senso de humor doentio que apenas jornalistas podem ter.
E eu fico pensando porque eu um dia quiz escrever pra jornais. Talvez eu até gostasse da idéia de ser uma defensora da verdade entre reporteres que vendem suas canetas a quem der mais. Mas eu acho que todas as pessoas, quando passam muito tempo entre dragões de comodo, acabam criando escamas e desenvolvendo bactérias mortais em suas bocas.
Eu abro o jornal e vejo as guerras no oriente médio, guerras de paus e pedras contra tanques e artilharia aérea. Eu me lembro das palavras de Einstein, que previu que a terceira guerra mundial seria de paus e pedras, apezar de eu saber que ele estava falando de outra coisa que não tinha nada haver com o que está acontecendo agora.
Eu lembro do dia no qual as torres gêmeas foram derrubadas. Eu tinha 11 anos, e foi a primeira vez na minha que eu comprei um jornal. Eu lembro da sensação que eu tive, a sensação de adrenalina correndo nas minhas veias. Eu lembro que eu pensei "finalmente, algo está acontecendo no mundo".
Agora eu acho que está acontecendo é coisa demais. A minha impressão do começo do ano 2000 era de profundo tédio. No mundo, na música, na arte. Eu lembro do meu sentimento de apatia diante te um mundo que era até então pacífico (ou pelo menos pacífico o suficiente para que eu, assim como a maioria das pessoas, não dava a mínima importancia pra os conflitos que existiam).
O problema é que para os Estados Unidos, o muito está pafícico demais também. E dinheiro estava sendo perdido. Armas precisam ser vendidas, elas tem data de validade. E afinal de contas, de que adianta ser a nação mais armada do mundo, se o mundo está em paz?
E então a inocência desesperadas de algumas organizações fanáticas, como o Taliban, fruto da pobreza do mundo árabe, do treinamento militar e da sede de sangue americano, que treinaram os afegãos em táticas militares durante a guerra fria, deram aos americanos o grande motivo que eles precisaram pra barbarizar com o mundo inteiro.
E Obama tem a descaração de ir ao Chile, em seu tour pela America do Sul, e declaram que o passado é passado, quando perguntado se ele iria se desculpar pelas barbaridas da ditadura de Pinochet que os estados unidos apoiou.
É muito engraçado que os americanos se achem os defensores da democracia, quando eles ajudaram a erguer inúmeras ditaduras de direita durantes os anos 60 e 70 na America Latina, quando eles apoiaram genocidas e tiranos que se diziam governadores de seus países.
Se os americanos querem encontrar os verdadeiros terroristas, eles só precisam olhar a própria imagem no espelho.

Saturday, March 19, 2011

culpa...

... que sentimento.

me deixa cansada, me tira o sono, me tira o prazer de viver.

esta semana foi de prazer e culpa. Eu descansei tudo o que deveria descansar. Abri o livro rapidamente, estudei um mínimo dos mínimos que quase não computa. E por isso me sinto culpada. Eu deveria ter estudado mais, eu deveria ter feito mais, eu deveria ter sido mais.

Apesar da culpa, acho que essa semana de folga foi importante para as minhas economias mentais. Eu estava precisando de uma pausa pra ser humana, porque até então esse semestre tinha sido de pura escravidão.

De um lado, uma diana estalava o chicote nas costas da outra diana, que por sua vez estudava sem parar. Não havia tempo pra assistir televisão, não havia tempo nem pra lavar meu cabelo direito e não havia nem tempo pra dormir. Eu sentia meus ombros doendo de tanta tensão, mesmo quando eu estava sentada, fingindo que relaxava. Minha mente a mil. Pensando na solução do exercício de química, pensando em polias e carros deslizando, pensando em livros que tinham que ser lidos, pensando em política, pensando em quando aquilo ia parar. Pensando que eu precisava de descanso, paz, silencio, não na minha vida, que silêncio é o que eu mais tenho no meu apartamento vazio, mas silencio na minha mente. Silencio para ser feliz, para ser gente.

A pressão é grande, e a cobrança é maior ainda. Mas se tem um coisa boa que veio desses dois meses de escravidão, foi a certeza de que não adianta se matar. Se divertir faz parte, passar 2 horas vendo programa repetido na TV faz parte, dormir até um pouco mais tarde faz parte.

Sem essas indulgências o trabalho da mente perde a qualidade, perde a criatividade, perde a genialidade que só trabalho feito por quem gosta pode ter.

Por isso eu deicidi ser pior. Trabalhar menos, assistir mais TV, sair mais com os amigos, dormir até mais tarde e lavar o cabelo direito. Ser menos para ser mais.

Acho que poucas pessoas tem noção de como é difícil. Poucas pessoas tem noção do que eu estou passando, e de alguma maneira eu prefiro que seja assim. Mas que esse semestre foi o momento mais estressante da minha vida, foi.

Mas tudo vai mudar, porque eu decidi que vai mudar.