Thursday, July 2, 2009

2 de Julho: A Independência Daquele Jeito Bahiano






2 de Julho, o dia em que mais tenho orgulho. Dia de prestar homenágem á essa terra que é tão cheia de beleza e mistério. Cheia de histórias meias-verdades, meios-mitos. Cheio de heróis tão cheios de humanidade e é isso que é ser Bahia: belezas e cicatrizes na mesma face.

O acontecimento histórico talvez mais surreal e épico da história do Brasil é o do Corneteiro Lopes:

Ao descobrir que na Bahia ainda havia muito mais "Morte" que "Independência" - afinal a maioria das pessoas sérias (ou seja, nós, Bahianos) não deram muita credibilidade à notícia mais do que suspeita de que o Príncipe, Pedro II, em um moménto de fanfarrice, resolveu aplicar uma pegadinha real e Real, proclamando a independência de um país imenso e cobiçado como o Brasil às beiras de um riachinho fajuto chamado Ipiranga, no meio de algum matagal, lá naquela terra onde menino chora e mãe não vê, chamada São Paulo - o Príncipe decidiu enviar umas tropinhas fajutas à Salvador.

Em outubro de 1822, já após a proclamação da Independência do Brasil em São Paulo (que não contou de verdade, afinal foi orquestrada para que o muleque do Pedrinho II fosse lembrado por mais do que intrigas palácianas e falta de traquejo monárquico e militar) chegou à Bahia o militar francês Pedro Labatut (engraçado, até o diabo do militar tinha que ser um europeu mercenário), para dirigir a campanha de libertação. Labatut sitiou a cidade de Salvador, até então dominada pelos Portugueses com três centros de comando: Pirajá, Cabula e Itapuã. Portugal enviou reforços a Madeira de Melo, que atacou Pirajá e rompeu a linha de defesa dos brasileiros em um combate considerado o maior de todo conflito.

Ao pressentir a derrota total, Labatut que não é besta nem nada, ordenou tocar retirada. O corneteiro Luís Lopes (que até hoje não se sabe se era retardado, maluco ou herói), porém, tocou “Avançar cavalaria e degolar”, surpreendendo os portugueses (e os próprios brasileiros). Os libertadores aproveitaram a situação e lançaram uma contra-ofensiva, e usaram da força e da corajem de quem encara a propria morte nos olhos.

Diante da qual os inimigos simplesmente largaram as armas e fugiram apavorados e foram realmente degolados.

Valeu, Corneteiro Lopes, o herói atrapalhado. Afinal, não fossem nossos heróis tão humanos, tão cheios de defeitos, não seria tão fácil de acreditar que a Bahia é mesmo a Bahia de Todos os Santos.

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