Eu sinceramente não sei. O que faz de uma decisão melhor que a outra? Porque a Diana de agora, 21 anos, é melhor que a Diana de 14 anos?
Muitos dias eu acordo e penso que sou pior. Pelo menos eu me acho pior. Quando eu tinha 14 anos, o céu nem era o limite. Nem o universo era o limite. Eu era capaz de tudo. Eu sonhava tão alto, tão longe e meus planos eram tão mirabolantes. Onde foi que minha megalomania foi parar?
Para a maioria das pessoas que eu conheço eu já sou megalomaníaca o bastante. Para o que eu era, eu sou uma mera underachiever.
Uma vez meu pai falou que Goethe escreveu que a melhor coisas é trabalhar como adulto nas coisas que nós sonhamos em fazer como criança. Não lembro as exatamente com que palavras ele falou isso, mas esse foi o significado, ao menos pra mim. Agora, eu não saberia mesmo dizer quais foram as palavras de Goethe, nem o contexto.
Mas essa semana eu me lembrei da Diana de anos atrás, que de uma certa forma desapareceu, e de uma outra forma estará sempre viva enquanto eu estiver, e eu lembrei dos sonhos que eu guardava, dos meus tesouros, dos meus planos. Tudo isso se perdeu.
Será que o meu livro-panfleto da New York Film Academy ainda está em algum lugar na casa de meu pai? Foi Maggie que me deu este panfleto, quando vir morar nos estados unidos ainda era um sonho distante, um sonho impossível que eu ousava sonhar mesmo assim. Maggie sempre acreditou tanto em mim de graça. O que foi que ela viu em mim? O que é que a Diana de 14 anos via quando olhava no espelho?
Eu sempre quiz fazer filmes. Primeiro eu queria ser atriz. E nas poucas vezes na qual atuei em público, fui elogiada. Mas o mundo disse que eu era feia, gorda e baixinha para atuar e o mundo me ensinou que os atores são meros fantoches na mão do diretor e que o diretor apenas sonha os sonhos do escritor, mas que o escritor não é valorizado.
E me ensinaram que atriz, diretora ou escritora, minha vida ia ser uma merda. Que bom mesmo era ser engenheira, médica ou advogada. Que esse negócio de ser artista é sonho de americano, e eu não sou americana.
E congelada pelos medos, eu cresci. E sem saber o que escolher, eu escolhi o mais difícil. E depois que eu escolhi ficou tão difícil desescolher.
Mas hoje minhas decisões me entristecem, e eu me vejo querendo ser aquela Diana que leu o panfleto no New York Film Academy milhões de vezes, e que assistia todos os filmes que passavam na TV e no cinema, e que sempre queria ir na locadora, porque tinha mesmo era pouco filme nos 5 canais da HBO, mais 10 outros canais de filme, e que no cinema ela já tinha visto todos os filmes, os bons e os ruins.
Hoje o meu plano é escrever um livro enquanto me formo em Neurobiologia, ou Inglês ou qualquer coisa pra depois ir para a escola de medicina. Eu quero ser médica?
Não sei. Mais ou menos. Acho que um dia eu já me vi trabalhando no hospital, mas assim que eu fiz a decisão de começar a perseguir essa carreira, eu vi que eu tinha tanto a perder. Talvez eu prefira ser uma escritora faminta, uma cieastra que mora na casa do pai, uma atriz que só aparece em filme B e trabalha de garçonete pra pagar o aluguel.
Mas acima de tudo, eu acho que eu conseguiria. Eu poderia ser o 1%, o 0.1%, a próxima Tarantino, Robert Rodriguez, Scorcese. Eu poderia ser a próxima George Lucas.
Não?
Quem disse que não? Eu digo que sim.
E pra quem não sabe, a escola de RTF (Radio, TV and Film) é uma das melhores do país. Daqui saiu Robert Rodriguez (Diretor de Sin Cinty, El Mariachi, Machete, Sky Kids, etc...) e Marcia Gay Harden, que ganhou 1 oscar de melhor atriz coadjuvante por Pollock (2000).
Porque não Diana Leite? Porque eu estou com medinho? Porque eu decidi outras coisas e agora já era? Não sei. As vezes tenho vontade de fazer o que eu quero fazer. Esquecer os medos de falhar, esquecer o medo de voltar pra casa com o rabo entre as pernas, esquecer o medo de morar na casa do pai depois de velha. Se tudo falhar, vou ensinar muleque a falar inglês no ACBEU.
Que situação.
Não sei o que fazer. Eu odeio mudar de idéia. Eu já tinha decidido ir pra escola de medicina, mas talvez não seja isso o que eu quero. Aliás, cada dia que passa eu tenho mais certeza que não é isso que eu quero, mas ao mesmo tempo eu sei que se eu levasse esse plano a diante, estaria tudo bem.
Eu não quero tudo bem, eu quero meu sonho de 14 anos, e eu posso realiza-lo, não posso? Está tudo ao alcance das mãos. E não é a melhor coisa do mundo, fazer aquilo que sonhamos fazer quando era-mos crianças?
Você é nova e tem tempo. Te amo sempre "médica cineasta" ou "cineasta de médico".
ReplyDeletebrigada, Anuxa <3<3<3<3<3
ReplyDeleteBom, como eu sou uma pessoa que não prima pela concisão, escrevi um post-resposta monstruoso de tão longo, mas eu não disse, lá, o que eu só posso dizer aqui, quero dizer, que não existe resposta fácil, que desejo é uma merda, que é foda, que dá dor de cabeça e que a única postura que eu consigo assumir diante dele é a de duvidar, sempre. Além de todas as coisas que se pensa querer existem algumas que realmente dão satisfação, mas normalmente são as escolhas que oferecem mais resistência, e que a gente acaba vendo como mais arriscadas ou condenáveis ou o que quer que seja. No final do texto patologia e pintura se encontram. Você não acha que eu já sonhei em ser pintor? Pois... Uma coisa eu aprendi com você: não dá pra ser muitas coisas ao mesmo tempo, então (adição minha aqui) é melhor ser extra-cuidadoso.
ReplyDeleteEspero que você esteja (relativamente) na paz com todas estas coisas. :)
Beijoca! ;***
hummmm...
ReplyDeletehdoissss... ;)
ReplyDeletehummmbestalhado
ReplyDeleteVejo seu post e lembro de quando éramos menores, imaginando nosso futuro, com idéias loucas! Eu sempre admirei essa sua capacidade de sonhar e alcançar suas metas. Cada vez mais você me prova essa afirmação. Pode não ter sido na escolha da profissão ainda, mas vejo em mil outras decisões que tenho acompanhado suas. Eu sinto também isso tudo, mais frequentemente até, por receio do que será minha vida de pós-formada. Serei uma mera employee da sociedade? Terei filhos e viverei na mediocridade? Sei lá. Só lhe dou um conselho, de coração: Não desista! Não foi apenas um objetivo que você mirou e atingiu, você sabe. Os sonhos mudam a medida que mudamos. Tenho saudades de ser sonhadora, mas ainda acredito -talvez até de forma mística rs- que um dia a vida vai me levar de volta a eles. Não tenho pressa. Você pode ser tudo que quiser e o que escolher, pode contar comigo para ajudar a concretizar, independente do tamanho do seu sonho. Te amo, amiga!
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